Você

Você é o engulho que me dá

quando passo pelo mar.

Você é o engasgar que me acomete

quando como apressado.

Você é o tropeção que me surpreende

quando ando sem cuidado.

Você é a topada no pé que me dói

quando esqueço de olhar para baixo.

Você é a mosca na sopa que cai

quando estou a saboreá-la.

Você é a quimera das dores

que se esgarça

por entre as minhas pernas

no meu pênis.

Você é o meu chafurdar na lama

de porcos doentes no quintal.

Você é a fábula de nomes

e datas que, infinda, jaz inerte

quando se desfraldam

a lista dos culpados.

Você é a liberdade vigiada

dos presos em agonia assistida

no cárcere da vida.

Você é o respeito morto

pelos cadáveres de homens públicos

que viram nomes de praça.

Você é o roçagante andar,

trôpego da mulher,

depois de um estupro.

Você sou eu

que esforça-se por ser normal,

enquanto lances de jogadas sinistras

são desferidos no tabuleiro de xadrez

do Deus de barbas longas da Bíblia.

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)
Enviado por Mauricio Duarte (Divyam Anuragi) em 21/05/2013
Código do texto: T4301771
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.