Mimeógrafos Poemáticos

As queimadas destruíram muitos ninhos

Que diminuíram os cantos dos passarinhos

E a lavoura com seus frutos amarelos

E aumentaram os cantos dos poetas revoltados

A produção daquela indústria aumentou

Mas o riacho cristalino virou esgoto

E as nuvens negras esconderam as estrelas

O luar e o canto do sabiá

Picharam os muros da cidade

Grafitaram debalde

Fizeram poesias concretas

Nos concretos arrabaldes

Era o tempo em que os mimeógrafos

Escreviam poesias de protestos

Versos marginais

Marginalia nos murais

Poemas nos panfletos

Codificados nos telex

Versos vetados nos jornais

Telegramas líricos extraviados

Os lírios nas lapelas proibidos

Tempo que o verde sumiu das florestas

E aumentou nas fardas

Sumiram os menestréis

E proliferam os coronéis.

Luiz Alfredo - poeta

luiefmm
Enviado por luiefmm em 21/05/2013
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