Mimeógrafos Poemáticos
As queimadas destruíram muitos ninhos
Que diminuíram os cantos dos passarinhos
E a lavoura com seus frutos amarelos
E aumentaram os cantos dos poetas revoltados
A produção daquela indústria aumentou
Mas o riacho cristalino virou esgoto
E as nuvens negras esconderam as estrelas
O luar e o canto do sabiá
Picharam os muros da cidade
Grafitaram debalde
Fizeram poesias concretas
Nos concretos arrabaldes
Era o tempo em que os mimeógrafos
Escreviam poesias de protestos
Versos marginais
Marginalia nos murais
Poemas nos panfletos
Codificados nos telex
Versos vetados nos jornais
Telegramas líricos extraviados
Os lírios nas lapelas proibidos
Tempo que o verde sumiu das florestas
E aumentou nas fardas
Sumiram os menestréis
E proliferam os coronéis.
Luiz Alfredo - poeta