O ÚLTIMO CONCERTO... 89

Enquanto os acordes do piano enchiam o teatro,

Propagavam-se, como labaredas de fogo, preenchendo cada espaço,

O maestro tocando, olhos fixos, puro encantamento,

As respirações trancadas, silêncio absoluto, reinando...

Os dedos ágeis incitavam as teclas a lhe obedecerem, seguros,

E delas os sons se sobrepunham, baixos, ou violentos,

Ora como se quisessem explodir as paredes e saírem pela noite,

Ora como passarinho liberto a encantar com seu voo suave...

Nos momentos em que as teclas pareciam serem feridas,

Choravam, sob os dedos que como dardos as sangravam, magoados,

Aos toques fortes gemiam, a dizer de seus lamentos e tristezas,

Tudo silenciava e só se ouvia o farfalhar dos vestidos, das damas...

Novamente uma tecla é solicitada e ela se exibe, exuberante,

Corações querem saltar do peito, na magia do momento envolvente,

O pianista respira fundo e faz o piano soltar um grito, lancinante,

E o silêncio é quebrado e a melodia se impõe e domina o ambiente...

A música se instala no ar e na alma de quem a ouve, neste crescente,

O pianista se levanta se curva e ao público agradece, humildemente,

Que só então seus cabelos brancos e seus olhos brilhantes, percebe,

Ele beija comovido seu piano... Que silencia para sempre...

E de pé é aplaudido... Neste último concerto... Comovente...

Lani (Zilani Celia)
Enviado por Lani (Zilani Celia) em 20/05/2013
Reeditado em 22/05/2015
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