O ESCURO, O FRACTAL E O ESTILHAÇO
Pois eu que caminho sobre a terra,
Tenho o peso das horas nos bolsos.
Asas amputadas e feições dilaceradas,
Não tanto pela fome, mas de certezas.
Uma cor estranha nas duas mãos,
Sem impressões digitais ou assinaturas,
Crendo ser apenas humano quando a memória
Me fala da queda e de mais 1/3.
Por isso a partitura soa tão inexpugnável.
Não sou humano nem nada.
Apenas a punição e amnésia da aurora
E a certeza inviolável de por quem se chora.
Pois quando inventei os sons encadeados
Fiz mais um prego no peito entreaberto.
Fui mais flagelo e menos alívio divino,
Na tarde de todos os homens perdidos
E na cristaleira antiga que guarda minha antiga forma.
Um só decaído não seria a solução da escrita.
Somos todos nós que sou apenas eu
Guardado nas moléculas organizadas .
Ninguém a este espelho pertence.
É apenas nos seus olhos que leem
A minha inconsciência guardada.