O ESCURO, O FRACTAL E O ESTILHAÇO

Pois eu que caminho sobre a terra,

Tenho o peso das horas nos bolsos.

Asas amputadas e feições dilaceradas,

Não tanto pela fome, mas de certezas.

Uma cor estranha nas duas mãos,

Sem impressões digitais ou assinaturas,

Crendo ser apenas humano quando a memória

Me fala da queda e de mais 1/3.

Por isso a partitura soa tão inexpugnável.

Não sou humano nem nada.

Apenas a punição e amnésia da aurora

E a certeza inviolável de por quem se chora.

Pois quando inventei os sons encadeados

Fiz mais um prego no peito entreaberto.

Fui mais flagelo e menos alívio divino,

Na tarde de todos os homens perdidos

E na cristaleira antiga que guarda minha antiga forma.

Um só decaído não seria a solução da escrita.

Somos todos nós que sou apenas eu

Guardado nas moléculas organizadas .

Ninguém a este espelho pertence.

É apenas nos seus olhos que leem

A minha inconsciência guardada.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 19/05/2013
Código do texto: T4298622
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.