Silêncio
Cubra-me de silêncio
do mais profundo calado
e mudo silêncio que há.
Não me apoio no ruído
do grande estalido
da língua que se move
frenética dentro da boca.
Nem me comove
as longas histórias
por ventos trazidas
no ar espargidas
dos tumultos de outros.
Que tudo que ouço
de tão tendencioso
não intenciono carregar.
Pois se tu não suportas
as tuas ruas tortas
tão pouco dobrando
a minha esquina escura
lanterna haverá.
Então que tu partas
com o silêncio que há
com o estalido
da língua dentro da boca
e não me comove
nem quero carregar.