## SILÊNCIO ##
Eu preciso de silêncio.
Aguardo, ainda, o silêncio.
Anda!
Será possível que é tão difícil escutar?
Mas afinal de contas
quem sou eu a te falar,
Se tua fala já te basta
No mundo de barulho extremo.
Ah! Quem sou eu a te falar?
Se tu bem sabes das tuas respostas
e se as palavras dos outros são apenas palavras
por serem verdades que não vem de ti.
E sabes de uma coisa?
Tu precisas de silêncio.
Não para ouvir o que tenho a dizer (ah! Quem sou eu!)
Nem o que outras tantas bocas tem a falar,
mas para ouvir a ti mesmo,
pensar, refletir, avaliar.
Ah! Esse barulho infernal,
como ideias num bacanal,
numa tremenda barafunda,
para esconder verdades imundas
que nem mesmo devias acreditar.
Mas ouvindo, corres o risco de perceber
o quão tuas verdades podem ser falsas
e quantos outros tantos caminhos
poderiam te fazer melhor do que és.
Mas não ouves,
nem mesmo queres.
Tuas verdades tem o dedo em riste,
não aguentas nem mesmo palpites.
Verdades de disse-me-disse,
barulhos que escondem até mesmo a arte!
A humanidade está um desastre!
A poesia precisa de silêncio.
A dança precisa de silêncio.
O desenho precisa de silêncio.
A música precisa de silêncio.
Falo do silêncio que deixa a alma passar.
Expressões precisam penetrar.
Mas o tempo... o tempo parece urgir,
escorrendo pelas falanges da tua própria vida!
A música que ouves não toca a alma.
Não é arte, não é vida, não é nada.
Pois a arte, assim como todas as verdades
precisa de um tempo,
um tempo que só se vive no silêncio.