transTORNADOS poéticos
a Tânia Meneses
Meus órgãos sensoriais,
entre ré e lá,
conhecem uma nota a mais
que toca meus acordes coronários
e vibra meu eterno cordão umbilical.
Então,
meu eu-lírico
dialoga num acordo cordial
com seres oníricos.
Desse contato
sugiro mais do que digo de fato.
Meto fora o que não é metáfora.
Lavro um vernáculo inteiro
no tubérculo da palavra.
No meu canto, eu(macho)femis-mica-mente
amenizo os transtornos.
Ponho os termos no torno,
entorto-me todo
para tirar o sumo do raro.
Ou exagero o trivial,
faço da faísca um farol
que ilumina esse imenso mar
emblemático, tenebroso, revolto.
Quase me salvo no limiar.
Depois volto de n(ovo),
árido e ávido
sedento de versos.
Créditos: Anka Zhuravleva