me acordou

se a minha cidade

era boa

Já não sei

Mas água daquela

Densa e corpórea

E de tão sentida

pecaminosa

A janela sempre aberta

E a rua no burburinho

O sol a chuva, as lavadeiras

Cantando sob o batuque

da dureza

E as folhas,

Que nas árvores

Se acidulavam respondiam

Com frescor as tentativas

Do vento

E eu me dissolvia na vida

Como se eu fosse uma pedra

Uma árvore, um curral

Um vaca , uma mastigada

E a dor uma pedra rara

as virgens eram suicidas

Em busca de corpos e vinho

eu queria apenas

Clemência, aprender

a soletrar o mundo e falar

com os deuses

depois veio um anjo

que parecia bom

e com tanta bondade

me acordou de repente

Alex Ferraz Silva
Enviado por Alex Ferraz Silva em 17/05/2013
Código do texto: T4295700
Classificação de conteúdo: seguro