me acordou
se a minha cidade
era boa
Já não sei
Mas água daquela
Densa e corpórea
E de tão sentida
pecaminosa
A janela sempre aberta
E a rua no burburinho
O sol a chuva, as lavadeiras
Cantando sob o batuque
da dureza
E as folhas,
Que nas árvores
Se acidulavam respondiam
Com frescor as tentativas
Do vento
E eu me dissolvia na vida
Como se eu fosse uma pedra
Uma árvore, um curral
Um vaca , uma mastigada
E a dor uma pedra rara
as virgens eram suicidas
Em busca de corpos e vinho
eu queria apenas
Clemência, aprender
a soletrar o mundo e falar
com os deuses
depois veio um anjo
que parecia bom
e com tanta bondade
me acordou de repente