Invisivelmente vivo
do amor, eu tenho
Sua ternura
E seus mortos;
Da vida
Sentimento de quem
Perdeu;
A indiferença
Que amo
A sensação de ser breve
E que poucas vezes
( fui eu)
O silêncio dos meninos
Que não vingaram
E que, mortos, vagam
Sobre as pedras,
Entre cantigas e esmolas
Saber-me só
Já não é grande coisa
Tenho essa ópera
Imensa
E teatral
Que me comove
Loucos
Em carnaval e cachaça
Trocando de capa
E se fazendo
encaixado
O medo feroz
Dos homens
Que me planta na infância
E me faz pesar como
Um elefante
De sua bruteza
Que me torna
Tristeza e ausência
E a sugestão de que estou vivo!
Invisivelmente vivo