Cochilo
Por que me matas assim?
Veneno pulverizado no ar.
Ferindo em frações, cortes e arranhões,
Eliminando o homem, castigando o ser,
Sendo mais que carrasco.
Em que momento exalei este ódio?
Representei este asco?
Quando me coloquei seu agressor?
Quando cultivei tanto desgosto?
É pena, que hoje,
Já com falta de ar,
Lembro-te e alerto.
Segue sem rosto,
E sem esperança,
Como do sopro,
Fica somente a brisa,
Do amargo,
O doce vira lembrança.
A criança cresce,
O adulto morre,
E tudo é vago como um cochilo.
Dorme mundo,
Que enquanto vivo és cego,
Dormindo no colo de deus,
É infinito sonhador, mundo de vento bom,
Dia de sol e homens bons,
Mulheres justas,
Filhos saudáveis,
E a preguiça de estar vivo.