sadismo

Silêncio da vida

E seu contrapeso

Erupção na barriga

A vida borbulha

Enquanto eu finjo

E me empanturro

De palavra

Meu canto fala

De tudo, da escada

E da brisa,

Menos do amor

Que me perdeu

Que me esfaqueou

Numa tarde de pânico

e volúpia

Fissura e meandro

é o que me guardo

quando queria apenas ser feliz

Esse dia amontoado de móveis velhos

E rostos famintos, de gente tedioso

De corpo fantasma

Gente com cara de medo

de jarro sobre a mesa

ornado de varejeiras

e sobre a tarde,

esse vômito

que na goela anuncia

o sadismo do tempo

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 16/05/2013
Código do texto: T4293975
Classificação de conteúdo: seguro