Sono Profundo

Vagando à noite

A cidade parece fantasma,

A chuva garoando

Não estou muito agasalhada,

Está tarde, não tem ninguém

Está tarde, não sei o que penso

Está tarde para pensar.

A cidade dorme

Não tenho sono

Olho as casas

Imagino lençóis

Consciências flutuando

Dentro de um mundo imaginário

Que não deve ser essa cidade,

Pessoas desconhecidas

Talvez flores, talvez um rio imenso

Talvez o melhor amigo

Esse despertar para outra realidade,

Elas vagam como eu agora

Elas não estão nesta rua

Elas sabem que não há ninguém

E mesmo assim sentem medo.

Elas queriam sonhar com um grande banquete

Com uma boa música

E com o grande amor

Que agora também dorme

Tudo dorme

A cidade dorme tranquila

A cidade acorda tranquila

Não muda bastante

Nem o suficiente,

Perdeu-se um pouco

Por essas ruas dormidas...

Ela dorme

Dentro de suas casas antigas

A cidade cresce

Mas não há lugar

Nesta cidade

A cidade aperta

A cidade cresce

Mas não há lugar,

Está cheia

Mas não há gente

A cidade dorme.