Navalha da verdade
O aço da navalha da verdade
corta, destroça a alma.
Fazes troça, amigo?
Calma, alto lá com a tua vaidade!
Tu, o que sabes? Pois te digo:
tão amargo fel jamais sentiste
e, se mentiras te deixam triste,
é porque realmente tu não sabes –
não há nada mais lancinante que a verdade.
Uma vez com ela face a face
fugir, não te atreves.
Ao encará-la, rasga-se o véu de tua veleidade
e o espelho da navalha só reflete a tua imagem.
Nesta hora, amigo, que dor atroz
é a dor de admitir-se.
E, posto que isso te liberte,
afugenta teus “amigos”,
pois não há nada mais cruel do que a verdade.
A verdade que nos destroça
é a verdade que nos remonta!
A verdade que nos libertará!