Meu Busto

Eu não joguei pela vida sorte alguma,

nem do alto dos meu sonhos arrisquei,

não voei do topo insano como pluma,

nem o meu reino assumi sendo o rei.

Fui o retrato que marcou a identidade,

e apagado fui verdade e primeira via,

do espelho que tragou-me a vaidade,

da história, minha censura não cabia.

Não fui o veto da palavra da corte nua,

descalços passos em tortura inocente,

rasgando carne no chão escuro da rua,

meu nome pude assinar como decente.

Eu cuspi o medo como sobras do peito,

o meu saldo, meu soldo apenas justo,

não herdei substantivo e nem sujeito,

deixei calado o desenho do meu busto.

Dado Corrêa
Enviado por Dado Corrêa em 13/05/2013
Reeditado em 21/11/2013
Código do texto: T4289191
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