Meu Busto
Eu não joguei pela vida sorte alguma,
nem do alto dos meu sonhos arrisquei,
não voei do topo insano como pluma,
nem o meu reino assumi sendo o rei.
Fui o retrato que marcou a identidade,
e apagado fui verdade e primeira via,
do espelho que tragou-me a vaidade,
da história, minha censura não cabia.
Não fui o veto da palavra da corte nua,
descalços passos em tortura inocente,
rasgando carne no chão escuro da rua,
meu nome pude assinar como decente.
Eu cuspi o medo como sobras do peito,
o meu saldo, meu soldo apenas justo,
não herdei substantivo e nem sujeito,
deixei calado o desenho do meu busto.