O MEU VERSO TEM...

O meu verso tem o brilho

Dos castiçais do altar,

A núvem que se balança

na rede oculta do ar

E os lábios brancos da lua

Beijando a face do mar.

Meu verso tem o cantar

Da passarada no campo,

A madeira que rejeita

A penetração do grampo

E o brilho fosforescente

Do farol do pirilampo.

O meu verso tem do campo

A verdejante folhagem,

As passadas vacilantes

De quem cansou na viagem,

A inércia da preguiça

E o arrojo da coragem.

Meu verso tem a plumagem

que dá beleza ao pavão,

As fimbrias arroxeadas

Dos olhos do ancião

E os dedilhares vitais

Das cordas do coração.

Vicente Reinaldo

VICENTE REINALDO
Enviado por VICENTE REINALDO em 12/05/2013
Reeditado em 08/08/2019
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