O MEU VERSO TEM...
O meu verso tem o brilho
Dos castiçais do altar,
A núvem que se balança
na rede oculta do ar
E os lábios brancos da lua
Beijando a face do mar.
Meu verso tem o cantar
Da passarada no campo,
A madeira que rejeita
A penetração do grampo
E o brilho fosforescente
Do farol do pirilampo.
O meu verso tem do campo
A verdejante folhagem,
As passadas vacilantes
De quem cansou na viagem,
A inércia da preguiça
E o arrojo da coragem.
Meu verso tem a plumagem
que dá beleza ao pavão,
As fimbrias arroxeadas
Dos olhos do ancião
E os dedilhares vitais
Das cordas do coração.
Vicente Reinaldo