[O que farei com esta imagem?!]
A minha mente é o meu mundo, e o meu mundo nada mais é do que a minha mente. E as palavras que perpassam pela minha mente, sejam elas lidas, ouvidas ou proferidas por mim, são viajantes, não voltam mais! "Verba volant, scripta manent" — eu escrevo por ansiedade, desespero de perda...
A minha mente é povoada por estranhas imagens que vêm, sei lá de onde... certamente, do repositório informulado que trago em mim desde o princípio da caminhada.
Palavras somem, e se deixam traços, só a custo os resgato! Mas as imagens não; estas não se evolam; ficam, e às vezes, apenas fogem da linha de visada, deslizam como se fossem quadros pendurados num semovente fundo inextenso... Permanecem "lá" para quando eu quiser vê-las! Se eu tivesse talento para a pintura, eu enlouqueceria...
.... Tal como agora retorna do inferno da mente, a imagem desse raivoso boi cinzento, de focinho deformado, com sangue vivo a escorrer-lhe dos olhos. O gigantesco animal investiu contra mim ontem à tardinha... e como não pude e não posso fugir — nada a fazer, nowhere to go! — o seu formidável avantesma investe, neste instante, contra mim!
O que farei com esta imagem e outras tantas imagens que repercorrem o meu campo de visão?! Nada, por que a vida é nada, é imagem de tudo, morrente comigo, e assim, nada de mim vale nada.
Resposta? Sim, ou não... Ah, melhor não que sim; pois o meu "não" tem mais energia:
O que farei com essa imagem?!
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[Desterro, 12 de maio de 2013 – às 05h32]