Nu de carne e “eu”
Nu de carne e “eu”
O meu corpo está nu!
Sem pecado, pudores
mas, como veio ao mundo.
Mundo esse que me cobriu.
Vestiu meus olhos de pecado
e minha boca de pré-julgamentos.
Mas onde eu estou nesse corpo?
A carne, certamente, está vestindo;
cobrindo despida o que sempre
[viveu nu
Ando sempre nu pelas poesias,
mas meu corpo despido
chama mais atenção.
A carne é mais apreciada
que a nudez da minha essência.
O mundo cria as suas roupas
E a sociedade determina a moda.
Tempo de inverno no humano.
As lojas estão abarrotadas
com seus dedos apontados
e as suas promoções preconceituosas.
A vida quer que eu me vista.
Não, ficarei nu,
com as minhas vergonhas sem vergonha.
Mas, sempre, estive despido.
Por que a carne choca?
A carne é apenas a roupa do “eu”.
Tirem-na e verão todo o ser.
Meu guarda-roupa tem roupas
que já não uso mais.
Roupas que foram ficando velhas;
roupas de preconceito
de pré-julgamentos.
Roupas que não me vestem mais
porque não cabem mais em mim
Cresci e perdi todas - ufa!
Estar nu é estar mais livre.
É sentir o vento da vida
soprar novamente a liberdade.
Estou nu em pelo e em carne viva,
assim, como estive sempre em
[minhas poesias
Mas, certamente, terei que me vestir,
mas as roupas que quero não há em lojas.
Quero a roupa do ser humano.
A roupa que está fora de moda
e que a grife do homem
deixou de desfilar na passarela da vida.
Mário Paternostro