::: EPOPEIA DA VIDA :::

Vida, que com cântaros, enche a alma

Expurga no semblante impávido

A derrota que nos impõe a morte.

Sim, sei que lá na frente, fremente e intrépida

Com vulgar semblante de beleza contida

Que descreve o fim do começo que é a vida

Tu me haverás de ceifar o grito irresoluto.

Poderá vir-me a noite, na madrugada ou sob a aurora,

Mas, sim, virá.

Furtar-me o meu mais belo presente.

Morte, peço-te, seja tardia, porque quero viver.

Assim te rogo que quando, enfim, chegardes

Atenta-te antes de entrar e levar-me.

Pois, se amei com gratidão,

Se sonhei com confiança,

Se me apaixonei com devoção

E se chorei com esperança,

É por que haverei de morrer com ousadia.

Mas, se não tive dos mananciais tais orvalhos,

Espere!

Pois viver é preciso,

E eu preciso de cada lágrima secreta,

De cada vento vespertino

E de cada orvalho que me espera.

E viver é o que resta,

Porque o resto sempre foi vida!

Não te avilto com propostas quixotescas,

Não te hei de locupletar-te como Fausto

Tornando-me esconso à tua face.

Sim, haverei de morrer com firmeza e alegria,

Mas recua-te o passo,

Porque ainda quero muitos dias.

E antes que meu verso se perca em logomaquia,

Eu sou pobre analfabeto brincando em poesia,

Eu sou mero mortal beijando a eternidade!

Minha vida não é sonata ou soneto,

É Ópera...

É Epopeia!

Ygor Pierry
Enviado por Ygor Pierry em 11/05/2013
Código do texto: T4286111
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