[Distância de A... até C.]
Com o tempo,
pedra a pedra,
muro a muro,
rua a rua,
perda a perda,
ponte caída a ponte caída,
saudade a saudade,
poente a poente,
noite a noite,
Ela a [outra] Ela,
gente aprende mesmo a falar calado.
Eu aprendi tanto,
tanto que o meu corpo mais que fala:
contorce,
geme,
uiva [relincha] carências,
dói distâncias,
mas em silêncio...
pois não há ouvidos próximos.
Parece mesmo que tudo,
tudo é uma questão de distância!
E não carece nem de especificar:
o que mais eu sinto doer
é a distância de A... até C. — essa ferida sempre aberta,
essa ardência que até descamba em sonhos eróticos...
Eu sofro o suplício de Tântalo:
tudo que eu quero e tento [tocar],
nega-se-me — reflui na distância!
Hoje, tenho absoluta certeza de que sou ninguém,
sou um qualquer, um risco tangente à face intocável do tempo:
eu sou C. — o lugar geométrico tridimensional da solidão!
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[Desterro, 11 de maio de 2013]
[Eu me engano?! Ou tem gente que se deixa enganar por mim...
para esses, o meu sorriso "V" de calango morto!
Faço do mundo uma diversão: eu não me levo a sério!]