METAMORFOSE
METAMORFOSE
Um pouquinho de mar
Para desprender seu soluço
Um pouquinho de sol
Para dourar suas lágrimas
Se tiver para onde ir
Não vá, fique aqui
E deixe pra lá este longo adeus
Que logo também se vai
O amor na verdade
Se desatou da terra
Subiu até o céu azul
E depois choveu saudade
E tudo ficou verde
Na espera e na esperança
Até que um novo dia
Despontasse em seu caderno
Com um poema de cada vez
Para cada dia de fome no coração
E para cada rua que deixou de sorrir
Até que um resquício de luz
Surgisse entre as nuvens
Como um sinal de trégua
E a tempestade dos olhos
Sem perceber, de repente,
Se deparasse com a estiagem
E com os brotos de sua nova vida
Seguindo o curso da existência
Arraigando na superfície da poesia
Um verso ainda umedecido
Que terminasse dizendo assim:
Obrigado Deus por tudo!