COLONA

COLONA

O impasse,

passos em tráfego insone

exímios em dramas.

A dama

Antígona antagônica

agoniza em sussurros agônicos de amor e ódio,

em profundos silêncios.

O combate comigo mesmo,

quem sabe o inesperado na espera?!

Ó combate!

O ata não desata,

o passado em repasse no presente cristal,

e bate e se debate com as circunstâncias

e ruma a instâncias futuras...

Ó impulso, ó ânsias, ó fôlego!

o combate dos dias, das noites, das estações,

de ano por ano, ruminando e prenunciando

algo aziago.

Sentimento esquisito,

toma conta do finito-infinito;

sentimento intolerável

reivindica o inesperado, que esquisito requisito;

sentimento indefinido,

é dor sufocada,

e calada,

e alada abdica da vida finita.

Antígona antípoda,

ó filha do incesto,

ó filha das provas,

ó piedade humana!

Eis a coroada de dores.

O inesperado por um triz,

feito palavras, assim, nos lábios de uma atriz.

A ferida não cicatriza, não aumenta, apenas diminui,

e numa convulsão re-volta à sincronia de fato, de dados,

e os fatos, e os fados, e tudo explode em sangue.

A espera desespera, e exaspera

em mil cores,

em mil coros;

sinfonia, sintonia atonal, sinto, sim! o tom de

tantos atônitos lilases pesares

e o inesperado irado, e variado, e desvairado;

e um enovelado novembro,

e um desesperado abril,

e um ansiado março,

e odiando, e adiando, e engulo cotidianos.

E abismado cismo no abismo

do indefinido finito esquisito.

Rogo, aborto, arroto, anoto sentimentos -

_ Que tormentos!

A indefinição é

definição da traição;

e a ação,

e o fim...

Édipo em Colona,

e a dor do exílio,

e o nati-morto,

e o fétido,

e o roído de desgosto,

e em Tebas o insepulto amado filho.

E digo não!

E maldigo a dor...

tic tac tac tic...

O marco, a data, a fala e tudo desata,

e desanda,

e tudo desaba,

e jorra abaixo em catarata

e o algo pré-pós-acontecido;

tac tic tic tac...

_ Diz, sentimento!

E nada, apenas o silêncio.

E tudo se cala.

E o esperado é encerrado.

E o tudo foi encarcerado e

emparedado...

E na manhã seguinte o orvalho matinal tudo cobre.

PROF. DR. SÍLVIO MEDEIROS

Campinas, é outono de 2007.