Tempestade de Areia

Rasgam as areias no deserto do meu tempo

surgindo sem medo, sob a tempestade enfurecida que assola minha vida,

sombras em sentimentos antes abandonados, acorrentados, encarcerados.

Gritam em ecos antes mudos os sons do desespero antes desprezado, ensurdecido,

sob a morte do que fui em rascunho do que sou.

Grita em mim o pavor!

Nuvens das lembranças do que foi, cegam-me ante a tempestade prevista,

e sob o véu da morte, sombras abrem a noite encerrando o dia.

Dor! Morte! Desvalia!

Lágrimas contidas nesse suplício que se inicia em imagens malditas.

Morte aos sonhos!

Gritam em ventos os fantasmas em negros véus.

Apagam-se as estrelas...

Morte à lua em sua realeza, senhora soberana nos céus de minha existência.

Tingem-se as areias no deserto do que sou, com sangue sem vida alimentando o mal que dormia.

Dor, desespero, medo!

É feita a noite que não se acaba, sem a esperança que existiu um dia.

Seres sem vida que surgem das areias do meu tempo no deserto em que vivia,

envolvem-me tomando-me do que sou na noite insone que me restou.

Sou centro nesse círculo de medo e dor,

movida em tempestade de areia que em meu deserto se levanta,

covil de teias do que um dia chamei vida, transformada hoje na noite negra de morte e agonia!

Aisha
Enviado por Aisha em 15/08/2005
Código do texto: T42838