Tempestade de Areia
Rasgam as areias no deserto do meu tempo
surgindo sem medo, sob a tempestade enfurecida que assola minha vida,
sombras em sentimentos antes abandonados, acorrentados, encarcerados.
Gritam em ecos antes mudos os sons do desespero antes desprezado, ensurdecido,
sob a morte do que fui em rascunho do que sou.
Grita em mim o pavor!
Nuvens das lembranças do que foi, cegam-me ante a tempestade prevista,
e sob o véu da morte, sombras abrem a noite encerrando o dia.
Dor! Morte! Desvalia!
Lágrimas contidas nesse suplício que se inicia em imagens malditas.
Morte aos sonhos!
Gritam em ventos os fantasmas em negros véus.
Apagam-se as estrelas...
Morte à lua em sua realeza, senhora soberana nos céus de minha existência.
Tingem-se as areias no deserto do que sou, com sangue sem vida alimentando o mal que dormia.
Dor, desespero, medo!
É feita a noite que não se acaba, sem a esperança que existiu um dia.
Seres sem vida que surgem das areias do meu tempo no deserto em que vivia,
envolvem-me tomando-me do que sou na noite insone que me restou.
Sou centro nesse círculo de medo e dor,
movida em tempestade de areia que em meu deserto se levanta,
covil de teias do que um dia chamei vida, transformada hoje na noite negra de morte e agonia!