VERDADES VAZIAS...
Me tiras-te do teu colo
no calor que me abrigavas
dos medos, das injustiças...
do colo este, que me embalava...
me fazia dormir e acordar feliz
o tempo não ditava o tempo,
entre os espaços dos dias,
os quais tu me abraçavas
na segurança de um centurião,
com sua armadura cintilante
eras tu, meu ponto de apoio
minha eterna vigilante, me percebia
nas minhas saídas, minhas chegadas...
o céu me cobria com teus azuis
fazendo parte do contraste
natural de um amor latente,
que mexia, ainda mexe por dentro da gente
exalando uma verdadeira paixão,
algo que me tirava do chão e,
flutuava entre os ares de esperanças
e mesmo adulta, voltava a ser criança...
sinto falta das tuas falas,
sinto falta dos teus olhares
sinto falta das tuas poses
sinto falta até dos teus erros...
tuas lembranças me fazem refletir
mesmo na tua ausência, o que me deixas-te, aprendi...
pois não saí do teu colo, fui lançada, arremessada
por caprichos que poderiam ser superáveis,
mas tua vaidade, tua postura intransponível
me fez ver em ruínas os contrastes azuis,
onde agora nublada a vida, que vem de ti
não mais me ilumina, não mais me aquece
teu gélido colo agora, das injustiças, não me protege
estou só, perdida nas ruas escuras em noites de lua nova,
meu pranto se fez notado, as lágrimas contidas
implodiram me fazendo opaca, fosca, sem brilho...
meu sorriso se fez pálido, meus olhares distantes,
aprendi e continuo a refletir,
o que não consigo compreender,
pois em meu peito, ainda abriga o amor
a essência do que sentia
a paixão ainda doentia
em teu colo poder retornar,
e teus braços um dia me afagar....
Romulo Marinho