FUGAS

De novo mergulho num turbilhão
de emoções. Meu coração pinta
aquarelas de dores e flores
que se encontram sem vê-lo.
As dores são simplórias fugas,
borradas em matizes de uma tinta
antiga, rachada em tantos calores
que tentei disfarçar. Na contramão,
recolho as flores dispersas pelo
caminho desfeito em medos e rugas.

É um quadro de vida que tomo na mão.
A saga vivida, pedaço de infância extinta.
Esperanças, alegrias, fugazes amores.
Como num filme, desponta o apelo
pela vida. Reluto, mas aceito ajudas
estranhas. E mesmo que ainda sinta
o desconforto de outros temores,
nada direi ao meu coração.
Mentirei, mas antes de deixar de tê-lo,
terei a mim, nem Pedro, nem Judas.
Nelson Eduardo Klafke
Enviado por Nelson Eduardo Klafke em 09/05/2013
Reeditado em 21/01/2015
Código do texto: T4282715
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