___ O colono ___

Dizia o boi ao seu dono:

— “No pasto em que fui criado,

Nem podia pegar no sono;

Vinha sempre um tal colono,

Qu’era um tanto malcriado!

As vacas que tu me deste,

Eram todas bem malhadas;

E as que vinham do nordeste,

Já levavam u’a aguilhada.

Quando u’a vaca ia pro trono,

Eu ficava de “butuca”,

Só espreitando o tal colono

Pondo o leite na cumbuca.

Chegava de madrugada,

Co’a aguilhada já na mão...

Dava tantas catucadas,

C’outra mão no seu bastão!

E quando as vacas deitavam,

Escolhia as mais branquinhas...

Muitas delas se agitavam —

Com medo da tal rolinha!

Puxava o rabo das vacas,

Para ver se eram novinhas;

Já deixava as suas marcas,

Nas que eram mais mansinhas.

Um dia, fiquei tão bravo

Co’ aquele colono estranho...

Que trouxe o tal desagravo,

Por mexer co’o meu rebanho.

Dei-lhe u’a baita d’uma chifrada,

Bem no meio das costelas...

Que alertou — toda a boiada —,

E as mais velhas das vitelas!!”.

Pacco

Pacco
Enviado por Pacco em 09/05/2013
Reeditado em 31/05/2013
Código do texto: T4282317
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