___ O colono ___
Dizia o boi ao seu dono:
— “No pasto em que fui criado,
Nem podia pegar no sono;
Vinha sempre um tal colono,
Qu’era um tanto malcriado!
As vacas que tu me deste,
Eram todas bem malhadas;
E as que vinham do nordeste,
Já levavam u’a aguilhada.
Quando u’a vaca ia pro trono,
Eu ficava de “butuca”,
Só espreitando o tal colono
Pondo o leite na cumbuca.
Chegava de madrugada,
Co’a aguilhada já na mão...
Dava tantas catucadas,
C’outra mão no seu bastão!
E quando as vacas deitavam,
Escolhia as mais branquinhas...
Muitas delas se agitavam —
Com medo da tal rolinha!
Puxava o rabo das vacas,
Para ver se eram novinhas;
Já deixava as suas marcas,
Nas que eram mais mansinhas.
Um dia, fiquei tão bravo
Co’ aquele colono estranho...
Que trouxe o tal desagravo,
Por mexer co’o meu rebanho.
Dei-lhe u’a baita d’uma chifrada,
Bem no meio das costelas...
Que alertou — toda a boiada —,
E as mais velhas das vitelas!!”.
Pacco