Desatinada

Ah, nem vem debulhar

lágrimas de milho

não estou pra luxo

sou lixo

dos becos

das putas

das ruas mal cheirosas

nem vem, nem vem...

Pinto

a cara

sou palhaça

nos moldes

da sociedade

puritana

hipócrita

falsa.

Rio,

debochada

deságuo

em ribeirão

de montes

escalados.

Choro

a flor despetalada

por mãos impunes

sangrando

avenidas

desalinhadas.

Morro

de ilusões

perdidas

achadas

desaforadas.

Neo vem, nem vem

chorar lágrimas

desbotadas.

Embriago

de versos

malditos

em bocas encardidas.

Fujo

das entranhas

corroídas

doloridas

paridas

de mil filhos.

Amo

porque sou dona

de mim

dos meus passos

cambaleantes.

Sigo

comigo

sem você.

Carmem Lucia
Enviado por Carmem Lucia em 07/05/2013
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