Continuando a miniantologia "Trans(TORNADOS)" inspirada nos transtornos de personalidade, publico o quarto poema, agora sobre Transtorno de Personalidade Borderline.
Borderline
Amo-te tanto que te odeio
À medida que mais me acaricias
Mais sinto as mãos vazias.
À procura de um sinal
De quanto me queres mal
Esmiúço as entrelinhas
Até atingir o limite
E sem que me irrite, transbordo
Enfio-me agulhas para alinhavar as bordas
Teço meu vazio com cerimônia
Mas no meu oco reverbera o eco da insônia
Não me corte da sua vida
Pois já tenho cinco cicatrizes:
Quatro sob a manga comprida e uma sobre a infância perdida
Minha língua não sabe pedir perdão nem obsequiar
Eu lhe imploro, portanto:
Por mais obstinado e contumaz
Re(leve)-me
E mostre que sou capaz.