A casa

Há! Se eu pudesse pintá-la

Dar-lhe uma massa corrida

lavar-lhe, abrir-lhe as janelas

Dessa casa, escancará-la..

Tiraria as velhas teias

Por-lhe-ia nova fachada

Fecharia as brechas

Estancaria nela as águas.

Essa casa minha não é

Nem casa de fato

Casa torta, caiada

Casa que se fez sozinha

Casa sem construtores

Casa deformada pelo tempo

Casa rota, velha, empoeirada

Rotunda casa quebrada.

Se pudesse repintava

Dava-lhe novos ares

Mobiliava, encerava

Abria a porta da sala.

Iluminaria os porões

Da casa mal assombrada

Exorcizava, varria, limpava.

Aquela que chamo de casa.

Naquela rua deserta

Onde habitava a casa

Plantava uma árvore

Punha uma cerca baixa.

Novas caras na casa

Iam animá-la, decorá-la

Adornos de nomes e vozes

Pendurava na sacada.

Varandas francas e claras

Abertas só para os de casa

Os amigos, os filhos

Gerados naquela cama.

Portas, batentes e pisos

Punha novos na casa

Para adornar sua cara

Sem rima, sem metrificá-la.

Aquela que chamo de mundo

Aquela que chamo de casa

Que esta dentro e em cima

A casa que é minha alma.

Edson di Carvalho
Enviado por Edson di Carvalho em 07/05/2013
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