La novia

Mas será o que leio

Uma rosa de maio

Tanto enleio

Uma noiva abandonada

Do altar em meio

À festa de amor

A flor no seio

As pernas cruzadas

O olhar perdido

O noivo fugido

O mundo parado

Mas será o que leio

Um buquê de pranto

Um vestido rendado

Abandonado

O amor colocado

No canto

***

O poema que escrevi tem algo a ver com uma história triste ocorrida aqui, em Aracaju, e que já contei em crônica publicada neste site.

A noiva personagem da crônica, Maria, fugiu para outro estado e voltou bem casada e com filhos lindos. Outros casos têm um desfecho infeliz.

A sua interação poética, HERMÍLIO PINHEIRO, engrandece esta página, enobrece meu trabalho.

A NOIVA

E ali ficaram os restos

Pelos degraus da escada

Junto aos retalhos de sonhos

Os farrapos do vestido

De uma noiva abandonada

Os piedosos protestos

Entre murmúrios medonhos

Não mais faziam sentido

No seu coração magoado

Naquela cara de anjo

Que o ódio tornou-lhe malvado

Quebrou-lhe do véu todo arranjo

Nervosa, sozinha, inquieta

Entre o sorriso e o pranto

Da igreja - ao fingir-se poeta -,

Foi pro Sanatório Recanto