Reflexo
Organizo sentimentos
Abasteço os sentidos de esperança
Busco em mim a criança
Que recuou em algum momento dessa vida
Colho uma flor consciente de seu aroma
Despercebida da sua cor
Espeto o dedo e não sinto a dor
Embotada que estou pelos meus dilemas.
O que sou para mim?
O que reflete o espelho da minha consciência
Não me atenho à explicações
Sou vento que não se detém
E avança um dia suave
E outro desata o viver
Sou meu esboço constantemente reformulado
Corpo mutante e natureza imutável
Adapto-me onde me cabe
Ou escapo rapidamente
Como o rio na vazante
Minha visão é desconcertante
Diante do improvável
Sou minha busca e meu achado
Não estou perdida
Tenho meu intervalo
Sou a minha própria noite
Afogada de orvalho
Fonte inesgotável de teimosia e energia
Me proponho todas as alegrias
Não reconheço a autoridade do destino
Eu o faço, com ele brinco.