Colorindo a chuva
O pingar lento e constante
Da chuva
Que deixa tudo acinzentado
E o rosto dos transeuntes
Substituídos por sombrinhas
Que pontuam de cores
O cinza da cidade.
O desejo não expressado
Que cada pessoa tem
De não levantar da cama
Nesses preguiçosos
dias de chuva.
Mas até os passarinhos cantavam
Encharcados, porém felizes
Por um novo dia cinzento!
É estranho como a vida
Parece um pouco mais solitária
Nesses dias
Quando só resta o cinza e o frio
Quando não se vê o azul do céu
Nem o brilho do sol!
Nada além do constante
Tamborilar da chuva
Sob o telhado
Ou janelas do ônibus.
Por mais poético que a chuva seja
Por mais que goste dela
Por mais que tudo pareça um quadro
Uma aquarela
Ainda sim, sinto-me
Extremamente melancólica
E contraditoriamente desejosa
De colorir o cinza
E cantar
E dançar na chuva
Até que a solidão e melancolia
Sejam lavadas
E minhas palavras
Tornem-se cores
A pingar sob o cinza!