A ponte
Foi quando tudo que eu pensei que era verdade
Desmoronou a minha frente por inteiro
Que eu percebi quão dura era a realidade
E que o meu mundo era um presídio sujo e feio.
Quando eu percebi que o céu era um quadro
De dupla face, ora noite, ora dia
Quando eu descobri que eu não era verdade
É que eu me esqueci o que era alegria.
Quando eu fui andando sem rumo nos trilhos
E meus pés sangraram e marcaram o caminho
É que eu percebi que sem luz e sem brilho
Era eu, um cego procurando o ninho.
Quando eu perdido atravessei a ponte
E no horizonte eu desapareci
É que eu percebi que nunca estive vivo
E o pior de tudo: também não morri!