Quem és?
Quem és
Quem és tu oh! donzela?
Que chegas de mansinho
Invadindo minha alcova,
Encoberta por nobre linho.
Sem delicadeza me toma,
me ergue, me põe de pé,
Desejas minhas mãos nuas
Alvas e frias, quanto a lua
Para delas fazeres o que bem queres
As toma e as aprecia,
E vês nas suas linhas
Traços de morte, traços de vida,
Com sarcasmo de mim galhofas,
Numa gargalhada, me contemplas
Atira-me o tinteiro e o papel
Não respeitas meu sono, meu repouso,
Me atiras ao gozo de desvendar teus mistérios.
Rogo-te clemência,
O cansaço que meu corpo dilacera
Exala o odor da minha agonia,
Mas a ti oh! Cruel criatura,
Trazes o mel na boca
E te deleitas,
Ao meu ver cerrando os olhos
De mim então te apoderas
Digo-te:-Tenho que ir nobre senhora.
Deixe-me dormir pois,
Da pena tomei posse
Há horas passadas,
O professor de português,
brincava com as palavras,
Que dançavam na antiga gramática,
A professora de Literatura
De poetas ilustres,
De Fernando Pessoa falava,
E quando retorno a moradia,
Depois de um longo dia,
Ainda me queres como escravo?
Ela nada ouvia dissimulada,
Fingida me guiava,
Escrevendo poesias, histórias reais,
]Imaginárias, verdades, mentiras,
Amores e desilusões,
Roguei. Dizes teu nome?
Ela com apreço e vaidade
Apertou fortemente a pena
Em letras descomunais,
Deixou grafado no papel,
De me teres deverias sentir-se lisonjeado,
De muitos tenho me resguardado,
Os que me tem a companhia,
São tidos como loucos,
Ou gênios da criação,
Vou aos extremos, aos labirintos,
Estou aqui, ali, acolá,
Não tenho pressa, o tempo não me alcança,
O relógio não consegue me guiar,
Faço o tempo ser meu tempo
As horas são uma só.
Riu e saiu.
Igual uma amante,
Após o prazer me abandona
A mão imobilizada treme,
E ela desliza rumo ao infinito.
Gritei! Qual seu nome? Linda donzela.
Vai-te sem se despedir?
Ela voltou-se com graciosidade,
Inesperadamente me arrebata com um beijo,
e sussurrando no meu ouvido,
Não esqueças amigo,
Meu nome é INSPIRAÇÃO.
polly Hundson