ESTRELAS QUE EU CALÇAVA

Quando criança, nada era mais bonito que os meus sapatos novos,

Olhava-os encantada e a felicidade morava neles.

Difícil tornava-se desviar o olhar daquele formoso presente,

constituído em centro de minhas atenções.

Sim, eram luzes brilhando em meus pés,

Fulgiam e protegiam-me de emoções indesejadas,

Transformados em estrelas que eu calçava.

...

Adulta, perdi o rastro ofuscante dos astros,

Descobri que aqueles sapatos já não me servem.

Neles não cabe a poesia que me atraía o olhar,

E meus olhos ficam absortos ao longe.

Também não me protegem mais em caminhos disformes

Assim, piso em cacos de palavras,

Que me lanham a alma descalça.

Dalva Molina Mansano
Enviado por Dalva Molina Mansano em 05/05/2013
Reeditado em 07/05/2013
Código do texto: T4274603
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.