Regresso
De malas, caixas e sacos prontos
Noto a ansiedade, a vontade
Pensando na casinha
Na vaquinha
Imagina a vassoura de mato varrendo o quintal
Lá deixou um filho a zelar
Do seu lar
Fala que aqui nada encontrou
Reclama que não se aposentou
Conta da ingratidão
Da falta de atenção
Dos filhos da Capital
Revela que mora e come mal
Diz que no nordeste não passa fome
Vai prosear com as vizinhas
Pega os ovos das galinhas
Vai á missa aos Domingos
Até brinca de bingo
Aqui não anda sozinha
Só sai com a netinha
Senão fica perdida
Nessas ruas iguaizinhas
No semblante, Adélia, traz marcas de sofrimento
Expressões de arrependimento
Esconde o seu lamento
Contém seus sentimentos
Mas hoje notei um brilho diferente em seu olhar
Contou-me que irá regressar
À Paraíba, lá é o seu lugar.