Sessenta por hora
Pela janela do banco traseiro
As casas passam, as placas passam
E os passageiros
Estamos todos voltando pra casa
Depois de todo o cansaço
De um dia inteiro.
Os pensamentos deslizando pelo asfalto
Voando alguns em direção aos outros carros
Alguns ficam debaixo dos pneus
Uns pensamentos voltam a minha mente
Alguns encontram e abraçam os seus
E os nossos pensamentos abraçados
Seguem unidos para além dos planos meus.
E enquanto a lua faz sombras nos muros
A estrada é iluminada pelos postes
O vento seco nos cantos escuros
Assusta uns transeuntes inseguros
E testemunha inumeráveis mortes.
Enquanto a vida corre a toda lá fora
Estou sentado a sessenta por hora
E os pensamentos correm a mais de mil
Você me vem sempre e sempre a memória
Eu sou o coadjuvante da história
O meu papel ninguém nunca aplaudiu...