Não por Receio

Escrevo nas paredes. Das estrelas.

Nos seus muros internos onde guardo meus segredos.

Escrevo e não mais os vejo. Não os leio.

Não por receio, mas por desejo.

Há muitas que iluminam o gelo. E à noite.

Há tontas vizinhanças que brilham trêmulas. Bêbadas de vento.

Nos muros dessas algum lamento. E esquecimento.

Escrevo nos seus terrenos de céu. Feitos de azul. E de negro.

Sob os olhares azuis do azul. Debaixo das cismas do breu.

Arado enruga-se o céu que se espreme e até chora. O orvalho.

Sereno todo dia acorda depois que molha e escrevo. Não se morre.

É quando deito exausto. Depois de palavras minhas.

Para que não as leia.

[Paulo Henrique Frias]

Paulo Henrique Frias
Enviado por Paulo Henrique Frias em 03/05/2013
Código do texto: T4273004
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