Silêncio

Vão-se os ruídos.
Já atenuados,
Rarefeitos, os sons.

Encontros doídos...
Ou apascentados...
Como não dizer: BONS?
Na trégua de sons
Que o silêncio traz,
Eis o que me apraz:
O encontro com o EU,
Em suas revelações mais verdadeiras.
Rompem-se as barreiras
Põe-se o dialogar
Do Eu comigo,
O EU contigo.
Estamos mais próximos
Em tais instantes
Embora distantes
Possamos estar.
A catarse, a reflexão:
Bem e mal
Que coabitam
Na intrínseca contradição
De que somos a espiritual expressão.
No silêncio, o instante da reposição
Do todo no lugar devido:

A lembrança, o olvido.
O "quem sou"?
O "onde estou"?
O "para onde vou"?
O silêncio, da resposta é o emitente,
Ou dela se omite,
Simplesmente.
O silêncio faz claro e firme o percurso,
(malgrada a escuridão
e a inelutável solidão),
retifica o curso
Ou deixa tudo onde está.
Comociona-me,
Aprisiona-me,
Faz-me liberto
Pois que ao certo

É O ALVARÁ!

*Texto destinado à ciranda do silêncio, idealizada por Giovânia Correia




Alfredo Duarte de Alencar
Enviado por Alfredo Duarte de Alencar em 03/05/2013
Reeditado em 09/05/2013
Código do texto: T4272541
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