DIGITAIS
Hás de pensar-me
sombra que entra e sai em papéis,
pálidos pelo tempo que se esvaiu
em desenganos.
Hás de me dizer impune aos pecados
escondidos em falas entre dentes
e hás de,
enganosamente,
tentar fazer-me crer que desta letra estás ausente.
Mas,
digo-te,
mão-gêmea-de-minha-mão, que em minha alma ainda crês,
pelo que sentes,
muito mais do que pelo que vês entre meus dedos,
digo-te:
Em ferrugem, meus anéis se desfizeram em tormentos,
e de todas as marcas que em paredes de pedra fria
fizeram-se presentes,
as que me angustiam (ainda mais)
são, inegavelmente, as que me traem,
atrás das minhas digitais...
e de todas as marcas que em paredes de pedra fria
fizeram-se presentes,
as que me angustiam (ainda mais)
são, inegavelmente, as que me traem,
atrás das minhas digitais...
Republicação
Img Lasar Segall