DIGITAIS

 
 
Hás de pensar-me
sombra que entra e sai em papéis, 
pálidos
 pelo tempo que se esvaiu
em desenganos.


Hás de me dizer impune aos pecados 
escondidos em falas entre dentes
e hás de,
enganosamente,
tentar fazer-me crer que desta letra estás ausente.


Mas,
digo-te,
mão-gêmea-de-minha-mão, que em minha alma ainda crês, 


pelo que sentes, 
muito mais do que pelo que vês entre meus dedos,
digo-te:



    Em ferrugem, meus anéis se desfizeram em tormentos,
   e de todas as marcas que em paredes de pedra fria 
fizeram-se presentes,
as que me angustiam (ainda mais)

são, inegavelmente, as que me traem, 
atrás das minhas digitais...


 
 
 
Republicação
Img Lasar Segall

Miriam Dutra
Enviado por Miriam Dutra em 02/05/2013
Reeditado em 02/05/2013
Código do texto: T4270942
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