Adormecido será o que é novo
Adormecido será o que é novo
O tanto muito que nunca vimos antes
É explosão de pensamentos e idéias
São particularidades trazidas
São personalidades buscando voz
Uns cantam, outros escrevem
Desenham, pintam
E seus frutos parecem inférteis
São jogados fora...
Na lata do lixo vão
Mesmo estando bons e maduros.
Somos escravos dum tempo adormecido
Um tempo que saúda velharias boas
Mas que é incapaz de reconhecer as novas
Somos artistas dum tempo adormecido.
Quem saiba não sejamos reconhecidos
Um dia, quando a voz acabe
E a mão não esteja mais com forças
Quem sabe um dia sejamos reconhecidos...
Agora, continuamos produzindo
Sem pretensão nenhuma
Não buscamos reconhecimento
Apenas o desejo que a voz não se cale
Apenas o desejo de ouvir o que é bom
Apenas o desejo de ver o que é arte
Que minha boca não se cale
Que meus ouvidos nunca deixem de ouvir
Nossas canções cantadas apenas por nós
Sozinhos, cantamos por ainda acreditar
Que se pode fazer algo novo
Que não esteja adormecido o que é novo
Escravos, não seremos de anti-culturas
Escravos, não seremos de velharias
Apenas saúdem a velha arte nova
Novos compositores, artistas e autores
Pois não aguento mais ouvir o passou
Não aguento mais ouvir sons atroados
Sem vida que dizem ser música
Não aguento mais os mesmos versos
Nos tempos de hoje, infelizmente
Adormecido será o que é novo.
W.Rocha