O que vejo da minha janela
o quadrado desse quadro
me mostra
o cinzento, do cimento
da fumaça, na vidraça
o barulho desordenado
dos transeuntes, atrasados
apressados
desencantados
afastados
as pessoas condicionadas
ao trabalho
a escola
ao supermercado
ao banco
as crianças aprisionadas
nos portões
nos porões
nas televisões
nos sermões
as mulheres oprimidas
em sonhos reprimidos
nos temperos ardidos
em cativeiros construídos
nas danças sem sentidos
em seus vestidos
Os homens passando sem viver
o tempo
o sentimento
o movimento
a vida
o ser!