VALSA INFRASÔNICA
A valsa exterminou as esperanças do salão.
Ninguém mais percebe ser apenas fantasma,
Nem as paredes se dão conta do desgaste.
São mesmo esses os olhos que interpretam o movimento,
Ou são apenas causas momentâneas da perda de massa?
O que se dança em tempos de guerra,
Fica marcado no tecido com o fedor do medo.
Tempo marcado por granadas de mão,
Lustres que iluminam com cuidado a espera.
Talvez uma dança nunca mais se dará,
Nem ao menos se ouvirá a respiração arfante.
Mas enquanto há as fronteiras entre um corpo e outro,
Enquanto o desejo se expressa apenas na volumetria,
Fica fácil atravessar essas velhas paredes seculares,
E ir até onde se guarda a chave para a invenção.