VALSA INFRASÔNICA

A valsa exterminou as esperanças do salão.

Ninguém mais percebe ser apenas fantasma,

Nem as paredes se dão conta do desgaste.

São mesmo esses os olhos que interpretam o movimento,

Ou são apenas causas momentâneas da perda de massa?

O que se dança em tempos de guerra,

Fica marcado no tecido com o fedor do medo.

Tempo marcado por granadas de mão,

Lustres que iluminam com cuidado a espera.

Talvez uma dança nunca mais se dará,

Nem ao menos se ouvirá a respiração arfante.

Mas enquanto há as fronteiras entre um corpo e outro,

Enquanto o desejo se expressa apenas na volumetria,

Fica fácil atravessar essas velhas paredes seculares,

E ir até onde se guarda a chave para a invenção.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 01/05/2013
Código do texto: T4269091
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