AONDE ESTÃO AS CANÇÕES
(Sócrates Di Lima)
Abro o pensamento em fim de tarde,
Em um dia longo e inacabado,
De repente eu senti uma leve saudade,
E vou resolver isto amanhã, no feriado.
Abro os olhos em fim de tarde,
Há aventuras inacabadas,
Coisas que, ainda, é meu cinto de castidade,
Ou minhas algemas de fogo das baladas.
Não ouço mais as minhas canções,
Aquelas que escrevi com o coração,
E cantava nas madrugadas sem refrões,
E fazia ninar minha ilusão.
Não sou de ter solidão,
Estar sozinho, ainda, faz bem,
Sem meus ruidos escrevo outra canção,
Que me arrebata também.
E se alguem assim ouvir,
E se algauem assim entender,
Não se acanhe, pode vir,
Cantarei-a até o amanhecer.
A avezinha que me ouvia foi-se embora,
Voou para outros mares, ares e profundidades,
E olhando, ainda, lá fora,
Nem vestigios das suas verdades.
Aonde estão as outras canções,
Nos ouvidos surdos da saudade?
Ou nos sonidos dos mudos corações,
Que nem se lembram da sua identidade.
E se na verdade eu me reencontro,
Nos versos que tento escrever,
Apago a figura do monstro,
Que é o tempo que corre sem eu perceber.
Ah! Que ouvidos, ainda, podem me ouvir,
Nos gemidos dos lobos das planicies,
Nos "Canions" da alma que me faz sentir,
E trazer minhas vontades ás superficies.
Vamos então reecrever minha história,
Em ´páginas azuis em riscas de giz,
Fazer tudo de novo sem usar da memória,
E esquecer então, tudo que já fiz.
Só assim voltarei a escrever,
E cantar na madrugadas minhas emoções,
Porque agora, só posso perceber,
Que em algum lugar alguém ouve aquelas canções.