MEUS VERSOS
(Sócrates Di Lima)
Sai de mim numa aventura santa,
Fui buscar meu verso,
Numa alma que nem conheço tanta,
Mas, que me fez ver o meu universo.
Embrenhei-me em mata virgem,
Rasguei o véu da minha inocência,
Fingia-me crente das coisas que davam vertigem,
E me mantia firme na minha querência.
Fui buscar minha alma nua,
Que deixei solta em algum lugar,
Fui ali, pertinho da Lua,
Onde eu até poderia sonhar.
Perdi então meus anéis,
E os dedos ficaram tortos,
Sem eles meus desejos se fizeram infiéis,
Fugiram de mim mortos.
Fui buscar a minha poesia,
Fui buscar o sentimento,
Nos versos que tantos escrevi em noite e dia,
Nada encontrei, senão um pensamento.
Não posso dizer que não amei,
Mas posso afirmar que nunca fui amado,
Os amores pelos quais passei,
Hoje, até me é ignorado.
E nos versos que pensei que escrevi,
Inutimente decifrei-me,
Relatei as loucuras que vivi,
Mas foram apenas loucuras, pasmei-me.
Assim, nos versos frios,
Que pelos cantos recebi,
Não passaram de versos vazios,
Nenhuma palavra vejo e juro, nem senti.
Já não sinto mais saudades,
Dos versos de outrora,
Nem mesmo a face sem identidade,
Minha alma se lembra...agora!
Não me lembro mais dos risos largos,
Dos passarinhos em galhos de sofreguidão,
Olhando-se no reflexo dos seus afagos,
Nas lembranças em preto escritas na escuridão.
Fui buscar meu conteúdo,
Nos versos que talvez me revelei,
Olha só, que absurdo!
Nenhum verso mais eu encontrei.
Será que o tempo os apagou!
Ou será que nunca os escrevi,
Será entâo que ninguém nunca me notou,
Nos versos que disseram que eu morri..