ME FAÇO SENTIDO

O padrão inevitável atravessa a multidão

E colide na minha fração de ser

"O cara", "aquele", "fulano",

O grão de areia pairando na duna

Que desgarra, mas não se distancia

Numa simbiose periódica

O suficiente para conservar a rebeldia involuntária

Da observância metódica

Há uma coisa comigo

De forte particularidade

Uma ausência acompanhada

Confortavelmente subjetiva

Naturalmente cultivada

Aumenta-se a distância

Sem sentir vazio

Numa visível discrepância

Pelas frestas espio

Os feixes de luz se projetam

Ofuscam

Mas já me refaço

Fecho as cortinas

Nesse inviolável espaço

Sempre, contudo, ouço a interferência

Impondo-se persistente

Já me acostumei ao barulho

É a convicção

Que tem medo por vezes

Sem soltar minha mão

Não tenho pressa de inclusão

Isso é um detalhe mundano

De minha parte pode até ser leviano

Mas não me vejo gregário

Egoísta, talvez

Converso muito comigo

E me faço ser tido

Me faço sentido

Reponho

Desarrumo

No seio da cautela

Confesso segredo

Fiel de própria capela.

Deperiret Sonus
Enviado por Deperiret Sonus em 29/04/2013
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