Progresso

Vi o verde a perder de vista

Simplesmente

Se perder

Devorado pelo concreto

Incapacitado de lutar

Vi o verde escuro

Tornar-se claro

E do claro definhar a um marrom podre

E daí caminhar para a morte.

A morte do verde

Assassinado pelo desenvolvimento

Necessário, pregado e obrigatório!

Como descrever a tristeza que me atinge?

Quando vejo extensas áreas desmatadas

Pelo bem desse projeto megalomaníaco

Desnecessário, mal explicado e obrigatório?

A morte é sem dúvida sócia

Nesse progresso!

Um progresso que custa verde

Seca rios e igarapés

Destrói fauna e flora

Desabriga famílias...

Como posso acreditar nesse progresso?

Quando cabeças sérias e justas

Rolam em bandejas de prata

E paredes são erguidas

A custo de suor e sangue

De escravos assalariados?

Como posso enxergar progresso

Em um projeto erguido

Sobre mortes e demissões inexplicáveis

Com uma justificativa vazia

Com engenheiros que desconhecem

O próprio projeto

Com líderes que assinam sem ler

E com uma pressa faminta

Por destruição

Como posso compactuar

Com esse belo monte

De mentiras

E politicalhas

Que de belo

Não possuem nada!