Fronteiras
Fecho os olhos...
silêncio me invade!
Minh'alma mina
pingos de solidão...
Nada em mim dorme
Essa lava queima, arde...
Eu bebo as gotas,
sorvo os goles...
Não tenho medo
de ficar comigo!
Por que teria?
Sou meu abrigo!
Onde mais haveria
vestígios de quem sou?
Vou andando
em meus labirintos,
cruzando fronteiras,
espantando morcegos,
limpando teias...
Assim irrigo minhas veias,
abandono meus medos...
Revelo velhos segredos
que ninguém quer saber!
Me olho no espelho...
Tão difícil me ver,
de cara limpa,
cabelos em desalinho...
Remexer os pergaminhos
das minhas histórias,
vasculhar minhas memórias!
Reconhecer falhas,
reviver fracassos...
Perdoar-me!
Cortar-me
com afiadas navalhas,
rasgar a carne,
atingir os vasos...
É preciso ter certeza
dessa viagem perigosa!
Nem sempre tem volta!
Às vezes por lá se fica
em cavernas escondidas
com medo da luz!
Via-sacra sem cruz!
Mas estou acostumada...
Nesse infindo
indo e vindo
me fortaleço...
Há que se pagar o preço!
E eu pago...
Demoro,
me rasgo,
me conserto,
colo os pedaços...
Volto, subo as escadas
Me sinto renascida
Meus labirintos esperam
minha próxima visita...