Fronteiras

Fecho os olhos...

silêncio me invade!

Minh'alma mina

pingos de solidão...

Nada em mim dorme

Essa lava queima, arde...

Eu bebo as gotas,

sorvo os goles...

Não tenho medo

de ficar comigo!

Por que teria?

Sou meu abrigo!

Onde mais haveria

vestígios de quem sou?

Vou andando

em meus labirintos,

cruzando fronteiras,

espantando morcegos,

limpando teias...

Assim irrigo minhas veias,

abandono meus medos...

Revelo velhos segredos

que ninguém quer saber!

Me olho no espelho...

Tão difícil me ver,

de cara limpa,

cabelos em desalinho...

Remexer os pergaminhos

das minhas histórias,

vasculhar minhas memórias!

Reconhecer falhas,

reviver fracassos...

Perdoar-me!

Cortar-me

com afiadas navalhas,

rasgar a carne,

atingir os vasos...

É preciso ter certeza

dessa viagem perigosa!

Nem sempre tem volta!

Às vezes por lá se fica

em cavernas escondidas

com medo da luz!

Via-sacra sem cruz!

Mas estou acostumada...

Nesse infindo

indo e vindo

me fortaleço...

Há que se pagar o preço!

E eu pago...

Demoro,

me rasgo,

me conserto,

colo os pedaços...

Volto, subo as escadas

Me sinto renascida

Meus labirintos esperam

minha próxima visita...

Ane Rose
Enviado por Ane Rose em 28/04/2013
Código do texto: T4263870
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