Transcendente forma
Pensas que tudo sabes
Mas teu mundo é triste, vazio
Sem mim
Tua existência, sombria
Se meu sorriso
Não pertence a ti
Tu não existes
Sem meu perfume
A te seguir
Não penses tu
Que vais sobreviver
Sem mim
Mais dia, menos dia
Vais cair em si
Que não adianta comer
Se teu alimento precioso
Só o meu corpo pode ofertar
Se o néctar da minha alma
Só pode ser o meu versejar
Se por mais que não me leias
Não me recites
A mim necessitas
E só por intermédio de mim
É que respiras
E se acordares, um belo dia, sem ar
Não te preocupes
É que eu estou
Sem te esperar
Já estou em outro jardim
A enfeitar outras paisagens
E talvez tu seques
Como bosque sem raízes
Como seca, com infindável estiagem
E só assim, conhecerás teu fim...
Sem chuva, rio, lago
Ou tempestade
Pois eu
Que sou vento
Suor lágrimas risos e orvalho
Não estarei mais a temperar tua estação
Serei apenas nuvem que passou
Mas, dissipada
Se entregou
E, como chuva,
Escorreu
Tornando-se outra e nova
Poesia
Virei pedra
Virei ouro
Virei sorriso
Virei cachorro
Uma criança
Transformou-me
Com imaginação
Adulterou-me
Hoje sou
Transcendente forma
Sou qual semente
Que um dia brota!