Cegueira
Que vida besta,
que coisa sem nexo,
carros, mansões, viagens parisienses,
contas multiplicadas em juros, coração seco,
nas fronhas só lágrimas!
Que vida boba e sem foco,
puros-sangues no estaleiro,
nelores e jérseis, centenas holandesas,
sem olhos, total cegueira!
Que vida trouxa, fuleira,
sem coração e sem olhos,
não sente no íntimo,
as alegrias da vida!
Que vida vazia,
uma bela tranqueira,
ajunta-se muito,
e de tanta arrogância,
a sete palmos se enterra!