Carla
Carla, você se casaria?
E com um homen vinte anos mais velho
Vinte vezes mais triste
Com quase nenhuma da ilusões que você ainda tem?
Você entregaria o mel de sua inocência,
e o seu corpo, flor tenra, a este jardineiro tão descuidado?
Carla, casar-se
é a conta da farmácia.
É a festa junina quanto está terminando
e as pessoas vão dando as costa à fogueira.
Seu corpo ao muro quando eu passo
seu sorriso, um jeito de olhar prometendo...
O que seu jeans oculta e delimita...
Você disse que toda mulher sabe quando está sendo caça.
Mas você ainda não conhece a triste hora em que um poeta
[abandona os seus versos.
Aquela em que um homem se veste do luto das coisas que quis.
Seu corpo contra o muro quando eu passo...
Eu sei onde lhe ardem as promessas.
Esse cérebro de catorze anos transita pelos pomares de um Éden todo
[interrogações.
Esse seu passar as mãos pelo cabelo quando eu passo é pura [reticências...
Coloca ambas as mãos nos bolsos de trás,
e fica fingindo que olha um quadro...
Um jeito ainda de infância no modo de olhar para o caderno....
Mas tanta perdição em cada letra de sua resposta ao professor:
__Carla presente!