Carla

Carla, você se casaria?

E com um homen vinte anos mais velho

Vinte vezes mais triste

Com quase nenhuma da ilusões que você ainda tem?

Você entregaria o mel de sua inocência,

e o seu corpo, flor tenra, a este jardineiro tão descuidado?

Carla, casar-se

é a conta da farmácia.

É a festa junina quanto está terminando

e as pessoas vão dando as costa à fogueira.

Seu corpo ao muro quando eu passo

seu sorriso, um jeito de olhar prometendo...

O que seu jeans oculta e delimita...

Você disse que toda mulher sabe quando está sendo caça.

Mas você ainda não conhece a triste hora em que um poeta

[abandona os seus versos.

Aquela em que um homem se veste do luto das coisas que quis.

Seu corpo contra o muro quando eu passo...

Eu sei onde lhe ardem as promessas.

Esse cérebro de catorze anos transita pelos pomares de um Éden todo

[interrogações.

Esse seu passar as mãos pelo cabelo quando eu passo é pura [reticências...

Coloca ambas as mãos nos bolsos de trás,

e fica fingindo que olha um quadro...

Um jeito ainda de infância no modo de olhar para o caderno....

Mas tanta perdição em cada letra de sua resposta ao professor:

__Carla presente!

Paulo Bueno
Enviado por Paulo Bueno em 25/04/2013
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